Diversão para quem mais importa: testes e validações com usuários

Liliane Reis
Gazeus Games
Published in
5 min readSep 1, 2023

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“Building fun with simplicity”. Quem conhece a Gazeus Games sabe muito bem que esse é o nosso lema. Mas mesmo dentro dessa mensagem, existe um fator que pode passar despercebido em um primeiro olhar, por mais que a gente nunca se esqueça dele: o público. Afinal de contas, essa diversão que construímos dia a dia é pensada para os nossos jogadores. Por isso mesmo, eles são uma parte fundamental do nosso processo de trabalho.

Trazer os jogadores para a nossa rotina não é uma ação pontual. Há diversas maneiras de nos aproximarmos do nosso público para entender melhor seus anseios e suas dores, e o retorno que recebemos dele também chega por diversos canais, impactando o trabalho de todos os times. Mas, ao conversar com representantes de diversas áreas da Gazeus, um ponto é unânime: pesquisas e validações com os usuários são um norte valiosíssimo e, por mais complexa e árdua que seja a jornada, o resultado é sempre gratificante.

Opiniões que fazem a diferença

Não há dúvidas de que as vozes dos jogadores têm um enorme peso no trabalho que desenvolvemos. “Nosso produto é feito especificamente para eles, e quando um número razoável de jogadores levanta a mesma mensagem, ou todos respondem de forma semelhante a uma pesquisa ou perguntas da comunidade, isso é um forte incentivo para que investiguemos e aprofundemos a busca pela melhor solução possível”, aponta Dawn Lamplough, Creative Director da Gazeus.

O valor dessa opinião é reforçado por Clau Batista, UX Researcher do time: “precisamos do público o tempo todo para trabalhar. No meu trabalho, preciso identificar o usuário, entender suas necessidades, seus sentimentos; preciso saber o tamanho do mercado-alvo, como nosso produto pode agregar valor. E tudo isso eu descubro através do público.”

Estar atento aos que os jogadores percebem perpassa diversos estágios do trabalho com games: desde descobrir possíveis melhorias no gameplay, até encontrar insights e inspirações valiosas para novas features — e, claro, validar toda e cada possibilidade com os principais motivadores de todo esse processo.

Ao falar sobre validações, e mais especificamente a lógica de provar suposições e refutar ideias, Clau complementa: “conversamos com os usuários enquanto estamos desenvolvendo features, e eles nos ajudam muito a ajustar ou refinar algo. O contato com eles nos permite aumentar a produtividade: quando temos eles ao nosso lado, testando o que estamos desenvolvendo, o saldo tende a ser positivo.” Nada mais justo, considerando o objetivo final de todo esse esforço.

Trabalho duro, processo constante

Ao se pensar em validações com usuários, não é difícil cair no erro de enxergá-las como uma parte isolada do desenvolvimento, que ocorre em um recorte específico dentro da linha do tempo do desenvolvimento — especialmente para as pessoas já familiarizadas com a ideia de versões beta de jogos sendo liberadas para testes com alguns jogadores. Quem logo esclarece como as coisas realmente funcionam é Mirelly Nogueira, Product Manager do Buraco Jogatina: “quando falamos de testes e validação, isso não é somente colocando algo dentro do jogo. Às vezes é uma pesquisa, as vezes é uma fakedoor, as vezes é lendo reviews nas lojas…”

Todos esses pontos de contato são e devem ser compreendidos como possibilidades de se ouvir o que os jogadores têm a dizer e, com isso, “achar as melhores oportunidade para que o time possa trabalhar, saber priorizar de forma correta é um diferencial dentro da indústria de jogos”, complementa Mirelly. Nessa mesma linha, Dawn complementa, dizendo que “cada jogo deve ser tratado de maneira única, assim como seus jogadores. Se você vai oferecer simplesmente o que o outro jogo está fazendo, seus jogadores poderiam muito bem estar jogando esse outro título.”

Ou seja: para se desenvolver um jogo único, e manter essa identidade viva, as vozes dos jogadores são fundamentais a todo instante. Contudo, ainda que tenhamos um fluxo constante de opiniões por meio de avaliações, comentários em redes sociais e canais de contato abertos aos usuários, há diversas fases em que precisamos pesquisar a fundo alguma questão específica, fazendo um trabalho mais assertivo — e ainda mais coletivo.

Times unidos para ouvir

Natalia Pribytkova, Product Art Director da Gazeus, comanda um time que muitas vezes se vê à frente de playtests. Sobre esse tema, ela esclarece: “quando nossa equipe inicia os testes, eles têm um enorme impacto em nosso trabalho. Como esse processo depende muito de colaboração, comunicação, resolução de problemas e de uma abordagem focada no usuário, ele exige muito planejamento e pesquisas prévias, que dependem de diferentes equipes. Uma de nossas principais tarefas acaba sendo unir diferentes áreas do desenvolvimento de jogos para preparar testes de qualidade.”

Todo esse planejamento exigido por testes é esmiuçado por Mirelly: “são levantadas as hipóteses, métricas principais, as métricas secundárias e, finalmente, qual é a métrica de sucesso — ou seja, aquela onde precisamos perceber uma evolução para decidir se vamos ou não continuar investindo na feature em questão”.

O esforço coletivo necessário para elaborar pesquisas e testes segue até o fim do processo. Clau, que também trabalha diretamente com testes e pesquisas, ecoa as palavras de Natalia ao esclarecer como os times se unem. “A análise é feita em time, a conclusão é feita em time… Não faço nada sozinha”, reforça ela, apontando também mais um fator que torna esse trabalho coletivo ainda mais vital: a interpretação de dados. “Sempre tem alguém comigo, e isso é fundamental: pesquisa tem muito viés, então precisa ser avaliada por um grupo.”

Nessas horas, o espírito colaborativo desenvolvido na Gazeus Games também faz toda a diferença. Como Clau reforça, “nosso time é muito acessível, e me ajuda de todas as maneiras! Até mesmo se colocando como jogadores para responder a pesquisa inicialmente, antes do lançamento para o público.”

Toda jornada precisa de um destino. No trabalho de desenvolvimento de games, quem mais nos ajuda a definir aonde vamos são os jogadores — e para isso, é preciso entender não apenas como buscar respostas, como também estar preparado para ter a fluidez e adaptabilidade que elas exigem. Afinal de contas, como bem define Dawn, “o design de jogos é um processo admiravelmente orgânico e complicado”. Não à toa, exige tantas mãos e tantas vozes.

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